sexta-feira, outubro 24, 2008

CINEMANIA

A passagem do Mudo para o Sonoro

A primeira exibição pública de cinema ocorreu em 1895, no Grand Café, em Paris. “A Saída Da Fábrica Lumière”, “A Chegada Do Trem Na Estação”, “O Almoço Do Bebê”, “Jogo De Cartas” foram alguns dos filmes exibidos pelos irmãos Lumière. Eram produções sem som e curtas, que tratavam da vida cotidiana das pessoas.
Podemos listar algumas características do cinema naquela época:

- paixão pelo registro original;
- ideologia familiar (retratos do cotidiano);
- estilo não estático (o movimento é a idéia central);
- fatos corriqueiros;
- ausência de preocupação narrativa;
- filmes sem início e sem fim.

A grande “passagem” do cinema foi quando ele se tornou sonoro, no ano de 1927, com “O Cantor do Jazz”, dos irmãos Warner. O filme chocou, pois foi uma mudança brusca, sem aviso.
Foi um início complicado: os atores não sabiam falar direito e donos de salas que exibiam apenas filmes mudos faliram. O filme sonoro tinha chegado para ficar. Seu ápice foi em 1933, com “King Kong”, com a trilha sonora. Agora, o som adquiria no cinema o mesmo status da imagem.
Com a intenção de retratar e criticar esse período, o grande Billy Wilder fez o belíssimo “Crepúsculo dos Deuses”, em 1950.


Crepúsculo dos Deuses (1950)

A decadência de uma estrela dos filmes mudos e a falta de emprego para muitos atores antigos no ramo, além da podridão de Hollywood (que já estava mercadológica com força total) são os pontos principais do filme.
Norma Desmond (Gloria Swanson) era uma grande estrela do cinema mudo. Agora esquecida, ela vive em sua mansão em Sunset Boulevard, cujo único empregado é Max, antigo diretor de seus filmes (Erich von Stroheim, brilhante).
Joe Gillis (William Holden) chega na mansão de Norma e ela descobre que ele é roteirista. A “troca” está feita: Gillis precisava de um lugar para se esconder de seus credores e Norma queria que alguém revisasse um roteiro de filme que ela intencionava estrelar.
Contado sob a perspectiva de Gillis, o filme se foca na obsessão de Norma em continuar uma estrela de cinema, reconhecida e aclamada pelo público. Ela não quer se dar conta que sua época acabou e a indústria, como o tempo, é cruel: Norma não interessa mais para Hollywood porque os filmes mudos já não existem. E ela envelheceu.
O desenrolar dessa obsessão deixo para as lembranças de quem assistiu e para a surpresa de quem ainda não viu! Assistam!
Até a próxima!!

Crepúsculo dos Deuses
(Sunset Boulevard)
EUA, 1950
Gênero: Drama
Duração: 110 min.





Viviane Ponst

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