terça-feira, março 04, 2008

Confirmada a armação na Copa de 78

Confirmada a armação na Copa de 78

O colombiano Fernando Rodríguez Mondragón identificou o falecido vice-almirante argentino Carlos Lacoste como um dos autores do suposto suborno para que a seleção de futebol do Peru perdesse de 6x0 para a Argentina na Copa de 78. Em uma longa entrevista telefônica a Terra Magazine Latinoamérica, Rodríguez Mondragón apontou o goleiro argentino Carlos Quiroga e o atacante Juan José Muñante como um dos quatro jogadores daquela seleção peruana beneficiados com os supostos subornos, de acordo com suas provas.
Rodríguez Mondragón assegurou que os outros dois foram "um defensor e um volante que também eram chaves na equipe". E acrescentou que "na realidade, todos os jogadores dessa seleção receberam extras" por parte da Federação Peruana de Futebol (FPF), que também recebeu sua parte do suborno.
O acordo, segundo Rodríguez Mondragó, realizou-se na sede da FPF em Lima, no bairro de Miraflores, dois dias antes da partida, que foi disputada em 27 de junho de 1978 em Rosário, Argentina, e cujo resultado permitiu à seleção anfitriã superar o Brasil por diferença de um gol e avançar à final do Mundial.
Rodríguez Mondrágon esclareceu que o Cartel de Cali, que era dirigido por seu tio e seu pai, os irmãos Miguel e Giberto Rodríguez Orejuela, não deu dinheiro para o pagamento desse suborno, como reproduziram algumas matérias da imprensa após sua entrevista à Rádio Caracol, da Colômbia, na terça passada.
Essa entrevista gerou há alguns dias novos desmentidos de jogadores peruanos e argentinos sobre um suposto acordo nesta partida, um dos maiores escândalos na história dos Mundiais, e cujo resultado foi fundamental para que a Argentina ganhasse sua primeira Copa do Mundo, já que, logo em seguida, venceu a final contra a Holanda por 3 a 1 na prorrogação.
"Há um erro de interpretação da entrevista que dei à Caracol. O Cartel não pôs dinheiro para subornar o Peru", disse Rodriguez Mondragón, que esclareceu que seu tio influenciou para que funcionários da ditadura militar argentina pudessem se reunir com dirigentes da Federação Peruana na sede do bairro de Miraflores.
Da reunião, disse Mondragón, participaram pelo menos "o presidente e o tesoureiro da Federação Peruana" da época e, do lado argentino, Lacoste, "um sócio dele, também militar" e uma terceira pessoa "representando a Associação de Futebol Argentino (AFA)".
A Federação Peruana tinha como presidente outro vice-almirante, Augusto Gálvez Velarde. Lacoste foi o "homem forte" do Mundial de 1978 na função de vice-presidente da Ente Autárquico Mundial 78 (EAM 78). Foi ministro de Ação Social e inclusive presidente argentino provisório, em dezembro de 1981, durante a ditadura militar que assolou o país entre 1976 e 1983.
Lacoste foi também vice-presidente da Confederação Sul-americana de Futebol e, entre 1980 e 1984, da própria Fifa, impulsionado pelo seu então presidente, o brasileiro João Havelange, que anos mais tarde o defendeu diante da justiça Argentina, ao declarar que ele havia lhe emprestado dinheiro para que pudesse adquirir um imóvel no luxuoso balneário uruguaio de Punta del Este.
Quando consultado sobre se Lacoste compartilhava outros negócios com o Cartel de Cali, Mondragón respondeu: "Um sítio que meu tio comprou na Argentina foi recomendada por este almirante. Esse sítio existe, há fotos, e se chama Villa Cometa".
"O nome" - prossegue Rodríguez Mondragón - "foi colocado por Carlos Quieto, que ganhava todas as 'cometas' (comissões ilegais) com os passes (de jogadores) do América de Cali", controlado pelos irmãos Rodríguez Orejuela. Quieto, segundo Mondragón, foi quem chamou inicialmente Miguel Rodríguez Orejuela para que fizesse a ligação da Argentina com a Federação peruana, cujos dirigentes conhecia de negócios no futebol.
"O empresário Carlos Quieto telefonou para o meu tio e pediu que o ajudasse a contatar o presidente da Federação Peruana, para que recebesse uns emissários mandados pelo governo argentino e pela AFA", contou, assegurando: dará os nomes de todos os participantes da reunião em seu segundo livro de revelações sobre o Cartel de Cali, que será lançado em janeiro próximo, com o título "El hijo del Ajedrecista 2" ("O filho do enxadrista 2").
"Para não criar especulações, no livro estarão os nomes e telefones dessas pessoas que estavam na agenda de meu tio. Meu tio depois se deu conta de que ele tinha sido usado. No último ano antes de ser extraditado, ele me disse: 'me julgaram, porque me usaram'. Tenho os detalhes porque meu tio guardava com muito zelo suas coisas. O nome de Lacoste é aquele que vai aparecer no livro. As boas ações do meu tio logo foram retribuídas com alguns jogadores argentinos que chegaram ao América", relatou.
A Federação Peruana, segundo conta, decidiu mandar quatro jogadores "de experiência e liderança" que facilitaram a derrota, "e, enfim, pagou-lhes como recompensa por terem chegado a essa fase um extra de US$ 50 mil dólares para cada um. Tenho o montante do que se deu a cada jogador", afirma.
Miguel Rodríguez Orejuela, segundo seu sobrinho, não participou da reunião de Lima, mas obteve todos os detalhes do próprio Quieto e de outros contatos do futebol.
Rodríguiez Mondragón afirmou que, depois de ver o vídeo da partida junto com dois especialistas do futebol colombiano, cujos nomes não citou, advertiu que o atacante peruano Muñante mandou uma bola na trave ainda no começo da partida, "mas que na realidade quis jogar para fora", porque nessa jogada "era mais difícil errar do que fazer o gol".
Quando indagado sobre o zagueiro Rodulfo Manzo, historicamente suspeito, Rodríguez Mondragón respondeu que "quando um meio-de-campo vai para trás, o outro também", e se negou a responder se acusava então o capitão da equipe, Héctor Chumpitaz.
Rodríguez Mondragón considera que os jogadores argentinos jogaram sem saber nada do acerto e que bem poderiam ter feito os quatro gols que precisavam para chegar à final ainda sem o acerto como o que foi feito pela ditadura e que, segundo ele, incluiu uma doação de trigo ao governo do Peru.
Durante a entrevista, Rodríguez Mondragón lembrou que seu tio e seu pai controlaram durante anos o futebol colombiano e compraram numerosas arbitragens. Mas sua equipe, o América de Cali, jamais conseguiu ganhar a Copa Libertadores porque João Havelange, presidente da Fifa, não queria que vencesse um clube vinculado ao narcotráfico. "O que eu conto são coisas que eu mesmo vivi. E com provas", assegurou Rodriguez Mondragón.


Rivelino diz que a Copa de 78 é "uma mancha no futebol"

O tricampeão mundial Roberto Rivelino define a Copa de 1978 com palavras turbinadas: "É uma mancha no futebol mundial". O craque vestiu a camisa da Seleção Brasileira em 1978 e, desde aquele ano, está certo de que o jogo Argentina 6 x 0 Peru foi melado por uma trapaça de bastidores.
Para Rivelino, agora é tarde para agir.
"Depois de 30 anos, já acabou, mexer é besteira. Vai mudar o quê? Mas é uma vergonha, misturar futebol e política não dá certo", diz Rivelino.


Fonte: Terra Magazine


Obs.: É por essas e por outras, que não acompanho mais o futebol. Sem contar ainda com o processo sobre o atual e maior escândalo de corrupção e manipulação de resultados no futebol italiano.
No Brasil, a "máfia da arbitragem" está solta e as investigações estão sendo feitas. São inúmeros os esquemas já vistos no Campeonato Brasileiro desde os primórdios de sua edição. E tudo terminará em pizza, é claro...
E quem nos garante que outros resultados de Copas do Mundo também não foram armados? E quanto a Copa de 98, com o caso de Ronaldo?
Ainda não engoli o penta-campeonato brasileiro na Copa de 2002, que na minha opinião foi claramente tramado para que o povo brasileiro simplesmente esquecesse o vexame de 98.

Ricardo M. Freire

Nenhum comentário: