terça-feira, abril 24, 2007

A viagem sem volta de SYD BARRETT

A viagem sem volta de SYD BARRETT

Nunca um assunto me fascinou tanto como a vida e a obra de SYD BARRETT. Para os leigos presentes, SYD BARRETT foi o fundador do PINK FLOYD e seu principal compositor. Mesmo com sua saída em 1968, SYD passou a ser a maior inspiração e referência para todos os outros trabalhos do PINK FLOYD que vieram a seguir.
Após muita pesquisa, agora está bem claro o porquê da importância deste que foi um dos maiores mitos da música de todos os tempos, e talvez o maior criador de lendas da história musical. Saiba agora, o que foi verdade e mentira, a história real de SYD BARRETT.


A história, a vida e a obra

Roger Keith Barrett (6 de Janeiro de 1946 - 7 de Julho de 2006), nascido em Cambridge, Inglaterra, conhecido por Syd Barrett, foi um dos membros fundadores, em 1960, do grupo de rock progressivo Pink Floyd e com quem gravou apenas um disco.
O ano de 1946 pariu uma das figuras mais legendárias da história do rock. Uma persona genial, que existiu no cenário da música como uma estrela cadente. Sua vida foi envolta por mistério e muitos boatos criados pela mídia, mas ele viveu para se tornar uma lenda de sua época.

A infância de Syd não foi das mais felizes, a morte de seu pai lhe causou grande impacto e sua mãe, extremamente protetora, preferia que o filho passasse seu tempo dentro do quarto. Ele mesmo declarou que não entendia porque diziam que a infância era a melhor época da vida. Mas esse período foi muito importante na vida de Syd; era em seu quarto que ele devorava histórias em quadrinhos, livros de contos de fadas e ficção científica, assuntos que seriam recorrentes em suas composições.

Mas ao contrário do que se possa pensar, Syd foi um adolescente normal, cercado por amigos que o viam como uma pessoa instigante e criativa, que pretendia ser artista plástico. "Ele era um exemplo para nós", revelaria seu amigo de infância e companheiro no Pink Floyd, Roger Waters.
O primeiro tipo de música pela qual Syd se interessou foi o jazz, mas com a chegada dos Beatles e dos Stones às paradas de sucesso, ele logo tomaria gosto pelo r&b e rock ‘n’ roll norte-americanos e decidiria aprender a tocar guitarra. Mas na verdade seu primeiro instrumento foi o banjo, com o qual ele tocou numa bandinha por algum tempo.
Em 1965 ele forma o Pink Floyd com os amigos Roger Waters, Rick Wright e Nick Mason. Nessa época, ele que já era apreciador da Cannabis Saativa, toma contato com o LSD, a droga que mudaria sua vida para sempre e que foi responsável por sua ruína pessoal. O LSD despertou a loucura latente de Syd, mas foi também responsável pelo aflorar da sua genial criatividade. Conta-se que num período de aproximadamente 18 meses, Syd compôs praticamente todo o repertório do primeiro disco do Floyd e de seus discos solo.

Aliás, os shows do Pink Floyd estavam ficando famosos no underground londrino por serem um espetáculo de anarquia sonora (improvisações instrumentais, volume sempre no máximo, letras inaudíveis) e psicodelia visual, devido a projeções de filmes e slides abstratos. A banda havia conseguido o ódio e críticas negativas de boa parte da mídia e do público. Algumas vezes, os donos das casas de shows perguntavam: "por que vocês não fazem um som mais decente?" De qualquer forma, eles conseguiram vários fãs e groupies (que se jogavam em cima de Syd, principalmente) e um contrato para gravar alguns compactos.

No ano de 1967, a banda alcançaria algum sucesso nas paradas com dois singles de sublime beleza pop e estranheza lírica, "See Emily Play" e "Arnold Lane" (que conta a história de um homem com o estranho hábito de se [tra]vestir de mulher). Syd já demonstrava que não tinha mais estabilidade mental para prosseguir com a banda, pois faltava freqüentemente aos shows e compromissos e muitas vezes subia no palco doidão. Certa vez, encheu a cabeleira de pancas, que iam se derretendo com o calor gerado pela iluminação do local e escorriam pelo seu rosto durante a apresentação.
Mesmo assim o primeiro álbum do Pink Floyd foi gravado naquele mesmo ano. "The Piper at the Gates of Dawn". Foi registrado nos estúdios Abbey Road durante três meses, na mesma época em que os Beatles estavam fazendo outro clássico psicodélico, "Sgt. Pepper`s Lonely Hearts Club Band", logo na sala de gravação ao lado.
O disco na época não teve boa aceitação do público e fracassou nas paradas de sucesso. Mas a verdade é que o álbum é uma das maiores obras musicais já feitas, referência para dezenas de bandas e objeto de culto. Ouvir "The Piper at the Gates of Dawn" é entrar na mente insana de Syd Barrett e fazer viagens espaciais ("Astronomy Domine", "Interstellar Overdrive"), visitas a infância ("Matilda Mother", "The Gnome"), tudo numa fórmula que nem o Pink Floyd hoje em dia sabe como conseguiu, um petardo proto-punk-psicodélico com todos as cores, LSD para os ouvidos (?).

O ano seguinte foi determinante, tanto para Syd quanto para sua banda. Syd estava cada vez mais irresponsável, morava num flat e misturava LSD no café que bebia todas as manhãs, chegando ao ponto de dar a droga para um de seus gatos (que se chamavam Pink e Floyd). Era uma pessoa diferente, tinha um olhar vago, distante, era como se sua mente estivesse em outro planeta. Alguns médicos o consideraram um esquizofrênico incurável. E ele ainda continuava a furar os compromissos e muitas vezes subia ao palco como se fosse um zumbi, ficava ali paradão e não tocava nada.
Embora a sua actividade na música pop tenha sido reduzida, a sua influência nos músicos dos anos 60 (e das gerações seguintes) especialmente nos Pink Floyd, foi profunda.
À medida que a popularidade dos Floyd aumentava, assim como o consumo de drogas psicotrópicas por parte de Syd (especialmente LSD), a sua apresentação nos concertos tornava-se mais e mais imprevisível e o seu comportamento geral um estorvo para o sucesso da banda. Os problemas vieram ao de cima durante a primeira digressão do grupo pelos Estados Unidos no fim de 1967, Syd começou a ficar extremamente difícil e cada vez mais ausente; tendo essa ausência e o seu estranho comportamento começado a causar problemas ao grupo.
Para tentar melhorar a situação da banda, um amigo de infância de Syd e Roger Waters foi chamado para ajudar tocando guitarra na banda, desta forma Syd apenas cantaria. O guitarrista era o talentoso David Gilmour, que já almejava entrar na banda há algum tempo. A idéia infelizmente não deu muito certo, mas a banda ainda tentou ter Syd como uma espécie de Brian Wilson (o também surtado membro dos Beach Boys), uma figura que comporia as músicas, mas não subiria ao palco. Mas Syd já não conseguia passar suas idéias para os companheiros e o Pink Floyd com cinco componentes não durou muito mais que um mês.

A intenção original era de que Barrett continuasse a contribuir para a escrita e gravação, e como ele era o principal compositor, havia a esperança que ele desempenhasse um papel semelhante ao do líder dos Beach Boys, Brian Wilson, que apesar de ter deixado de actuar ao vivo, tinha continuado a compor para o grupo. Mas Syd cada vez contribuía menos e o seu comportamento era cada vez mais errático, de tal forma que os outros membros do grupo deixaram de convidá-lo para os concertos e sessões de gravação.
Então de forma sutil, após ter gravado algumas partes do segundo álbum dos Pink Floyd, A Saucerful Of Secrets em 1968 - incluindo Jugband Blues, que faz referências óbvias à sua crescente indiferença em relação à banda, Syd foi afastado da banda, seus amigos simplesmente não passavam mais em sua casa para levá-lo aos ensaios. A saída do Floyd foi um baque grande para Syd, que aparecia nos shows de sua ex-banda na frente do palco, só para ficar encarando David Gilmour e lhe dizer: "esta é a minha banda!" Mas os dois não chegaram a trocar desafetos, tanto que em 1970, Gilmour produziria o primeiro disco solo de Barrett, "The Madcap Laughs".

Foi Gilmour quem ensinou Barrett a tocar guitarra e mesmo que ao seu estilo faltasse o experimentalismo atrevido pelo qual Syd era conhecido, era considerado um vocalista e compositor talentoso e um guitarrista dotado. Após o Pink Floyd ter lançado dois discos, a banda acabava de perder o gênio carismático, o letrista, a força-motriz que os fundou como banda e os fez despontar como uma dos mais promissores conjuntos de Rock Progressivo Espacial/Psicodélico. O baixista Roger Waters, então, começava a tomar a liderança do grupo.
Syd Barrett que tinha ficado algum tempo longe dos olhos do público, volta em 1970 com seu primeiro disco solo. “The Madcap Laughs” ou “A Gargalhada do Capitão” foi gravado em duas sessões distintas, e foram utilizadas diversas musicas da fase mais criativa do gênio de 1966 até meados de 67. Porém, acredita-se que outras músicas novas foram adicionadas ao disco. Malcolm Jones e Peter Jenner (empresarios do Floyd) gravaram a primeira sessão do disco em 1968 e David Gilmour com Roger Waters ajudaram Syd a finalizar as gravações em 1969.
O disco é uma viagem ao estado mental que Syd se encontrava, musicas como “Dark Globe” é uma clara evidência de esquizofrenia. O disco possui momentos ótimos, menos perturbadores, onde se vê os lampejos da genialidade de Syd, como por exemplo na faixa de abertura do disco: “Terrapin”.

O segundo disco solo do guitarrista veio no mesmo ano, com a capa cheia de insetos desenhada por Syd, o disco era intitulado simplesmente de “Barrett” e foi o que seria o último respiro em estúdio do diamante louco. “Barrett” foi gravado em várias sessões entre Fevereiro e Julho de 1970, e possui musicas mais polidas, mas não menos afetadas. Como no outro disco, Gilmour o produziu e confessa que há grandes momentos no disco: “Dominoes é um caso à parte. Eu gravei a bateria, e Syd colocou o solo de guitarra gravado ao contrário. O efeito ficou único! É uma bela música” Diz Gilmour. Além de produzi-lo, Gilmour tocou baixo no disco. Richard Wright tocou teclados e o batera do Humble Pie, Jerry Shirley colaborou também. Em “Barrett” estão as músicas mais emotivas de Syd, “Dominoes”, “Baby Lemonade” e “Gigolo Aunt” estão entre as melhores do guitarrista e compositor.
O primeiro álbum apresenta fortes indícios do frágil estado de espiríto de Syd, com faixas como "Dark globe" a mostrarem claramente que, apesar de ele ter bom material para trabalhar, era práticamente incapaz de participar em algumas sessões. Cheio de pesadas e melancólicas baladas, encontrava um Syd Barrett um pouco fora de forma, mas continha boas composições como "No man´s land", "It´s no good trying", "Long Gone" e a triste "Dark Globes". Mas alguns meses depois, no mesmo ano, ele teria uma última chance de mostrar que ainda era capaz de produzir boas canções. O segundo álbum mostra um maior esforço em conseguir um acabamento mais polido. Em ambos os álbuns Syd trabalhou com o empresário dos Floyd, Peter Jenner, com Waters, Gilmour e com membros dos Soft Machine. Syd contribuiu também para a gravação do LP "Joy of a toy" de Kevin Ayers, embora a faixa em que ele tocou guitarra, "Religious Experience (singing a song in the morning)" não fosse comercializada até 2003. Com o lançamento de "Barrett", um semi-clássico, que precede em décadas a estética rock/folk-lo-fi (que ficaria famosa nos anos 90), recheado de baladas com letras obscuras e canções que lembravam seu antigo trabalho com o Pink Floyd, como "Gigolo Aunt", "Baby Lamonade" e "Wined and Dined", além de sua inconfundível e esganiçada voz. Em 1971, Syd fez alguns conturbados shows para promover seu álbum e logo depois largou de vez a música. Ele nunca mais entraria num estúdio para gravar discos novamente. Ele somente entraria numa sala de gravação outra vez para visitar seus ex-companheiros do Floyd durante a gravação da música "Wish you were here", do álbum homônimo da banda de 1975. Depois disso, muito foi especulado em relação ao lançamento de novos discos de Syd, mas a verdade é que apenas em 1988 saiu "Opel", um disco com algumas canções que não tinham sido lançadas anteriormente e versões para outras já lançadas em seus discos solos. Este disco também não teve muita repercussão.
Quando voltou para Cambridge para viver com sua mãe, ainda na década de 70, Syd foi levado para um clínica psiquiátrica, onde passou alguns anos.

O ano de 1969 não foi muito eficiente nem para o Floyd, nem para Syd Barrett. O Pink Floyd lançou dois discos em 69, um deles trilha sonora para um filme francês de Barbet Schroeder, o filme “More”, o outro disco habita até hoje as profundezas do psicodelico instrumental. O disco “Ummagumma” é duplo, contendo num dos discos , musicas compostas separadamente por cada integrante, e é clara e nítida a influência de Barrett neste disco. A banda procurava seu próprio caminho.
Piscodelia do início ao fim, o disco não vingou e a banda naturalmente encontrou o caminho do Rock progressivo, com Atom Heart Mother, o primeiro disco de rock progressivo com orquestra.
Em 1970, ainda, Syd apareceu ao vivo no programa de John Peel, tocando 4 musicas, com Gilmour no Baixo e Shirley na bateria. Existem alguns bootlegs com esta gravação. Ainda este ano, em Junho, ele tocou no Olympia Exhibition Hall, Londres que fez parte do “Music and Fashion Festival”. Syd tocou 5 musicas com Gilmour e Shirley novamente. Sua voz estava terrível, mal se ouvia, no meio de “Gigolô Aunt”, ele tirou a guitarra, encostou no chão e saiu do palco sem falar nada. Foi uma cena terrível, uma verdadeira crise em cima do palco. Em 1971 ele toca para a BBC “Sound of Seventies” 3 faixas de sua carreira solo - gravação também documentada em alguns bootlegs.

Em 1972, Syd tenta retornar aos palcos, e forma a banda “Stars” com o batera e baixo do Pink Fairies, Twink e Jack Monck respectivamente. Eles tocaram uma vez, no mesmo ano na Bolsa de Comércio de Londres, um espaço pequeno, rústico, que mal cabiam 300 pessoas, mas o evento foi anunciado em jornais locais e até em TV. Era a volta do Syd! Infelizmente o show foi terrível, e o espetáculo da volta de Syd, desandou. Uma fita com a gravação do show foi encontrada recentemente (2005), mas ainda não viu a luz do dia.
Dois anos depois, 1974, Peter Jenner, ex empresário do Floyd convenceu Syd a gravar mais um disco solo. Disco este que nunca fora lançado. As músicas não ficaram boas, e a idéia foi abortada. Syd Barrett sumiu do mapa. As gravações de 1974 são consideradas bem raras, mas existem registros numa coletânea feita por fãs de Syd chamada “Have You Got it Yet?”.
Após fracassadas tentativas de gravar um novo disco, em 1974, Syd ficou recluso e cada vez mais louco. Ele sumiu do mapa e à essas alturas o Pink Floyd era uma das bandas mais conhecidas do planeta e estava em estúdio gravando o próximo disco, que é uma homenagem à Syd Barrett: “Wish You Were Here”. Curiosamente, em meio à gravação de “Shine On You Crazy Diamond”, apareceu um cara careca, sem sombrancelha, pesando uns 110Kg e com uma escova de dentes na mão, imitando uma guitarra. Era Syd. A banda demorou para reconhecê-lo, e num momento muito chocante, todos ficaram embasbacados com a cena. Era Syd, ex-companheiro de banda, de juventude de várias histórias, estava ali, completamente mudado, a única coisa que se reconhecia eram os olhos: “Now there’s a Look in Your Eyes, Like Black Holes in the Sky” foi precisamente descrito por Roger Waters. “Carma? Destino? Ninguém sabe, mas que foi extremamente esquisito foi” Disse Rick Wright. Depois de 4 anos sem contato algum, Syd apareceu nos estúdios, exatamente na gravação de Shine On You Crazy Diamond.
Desde 1975, ninguém da banda o via. Ele ficou morando com a mãe em Cambridge, e não poderia ter contato algum com os integrantes antigos, por recomendação médica. Gostava de pintar e cuidar do jardim de sua casa. Costumava visitar algumas lojas com sua bicicleta e mais nada. Fãs do mundo inteiro ficavam horas sentados na calçada , para ter a chance de poder ver o gênio fundador do Rock Progressivo aparecer uma vez que fosse. Mas ele saía muito pouco. Estava mais gordo , careca, e mais uma vez, era reconhecido apenas pelos olhos.
Barrett foi morar com sua mãe, em Cambridge, até a morte dela, em 1991. Dizem que ele também era um excelente jardineiro. Depois, ficou sempre aos cuidados de sua irmã, Rosemary Barrett, que inclusive enviou uma carta ao Pink Floyd dizendo que seu irmão teria gostado muito do documentário da BBC feito contando sua história, mas achou “muito barulhento”. “Ele gostou de ouvir “See Emily Play”, disse sua irmã.
Em 1988 a EMI editou "Opel", um álbum de material não editado de Barrett gravado em 1970. A EMI editou também "The best of Syd Barrett - Wouldn't you miss me?" no Reino Unido em 16 de Abril e em 11 de Setembro do mesmo ano nos EUA.

Aos 56 anos, vivia sozinho na casa que era de sua falecida mãe, gostava de pintar telas e assistir tv, e de vez em quando ler um livro. Era avesso a multidões e não era um homem de muitas palavras, apesar de falar sozinho num dialeto que só ele entendia. Não tocava mais música e não gostava de pensar no passado, por isso os eventuais fãs que tentavam visitá-lo, levavam a porta na cara, mesmo assim alguns ainda eram educadamente convidados para entrar; dependia do humor do tio Syd. Devido ao tamanho culto que a figura de Syd Barrett causa, recentemente foi lançado o disco "Wouldn´t you miss me?", coletânea com as faixas mais significativas dos seus discos solo.
Roger Kieth Barrett teve uma história triste, mas a obra de Syd Barrett é de inestimável valor e continuará a fascinar gerações. Como canta Júpiter Maçã (um admirador confesso de Syd), um lugar do caralho tem que ter pessoas que curtam Syd Barrett e os Beatles!...
Dia 7 de Julho desse ano, Sexta-Feira , Syd Barrett faleceu, especula-se que devido à complicações causadas pela sua diabete, enfermidade da qual sofria há anos, embora o jornal inglês The Guardian diga que a causa foi cancro. Apesar de seu funeral ter sido aguardado por inúmeros fãs, somente a família esteve presente na cerimónia.
O funeral de Roger Keith “Syd” Barrett foi realizado no dia 17 de julho numa pacífica e privada cerimônia para a família no Cambridge Crematorium.
O membro fundador do PINK FLOYD, que escreveu a maioria das suas primeiras músicas e letras, morreu na sexta-feira, 7 de julho, e a notícia de sua morte atingiu seus amigos e fãs pelo mundo inteiro. O jornal Cambridge Evening News noticiou que na cerimônia uma dúzia de membros da sua família se juntaram com seus amigos mais próximos.
Nenhum integrante do PINK FLOYD estava presente na ocasião. Entre os mais variados tributos estavam buquês de flores de seus vizinhos e amigos da área em que vivia. Um homem popular, ele divertia as crianças locais com seu incrível senso de diversão e brincadeiras, revelou sua irmã Rosemary numa entrevista na semana passada para o The Sunday Times.
Aos 60 anos, ele deixou os fãs do Pink Floyd semi-órfãos. Todos sabem da grande importancia que ele teve não só para o Pink Floyd, mas para o movimento psicodélico musical do final dos anos 60. Ele contrariava o estilo comportado das bandinhas anos 60, ele fazia o som mais piscodélico e viajante da Inglaterra. Syd Barrett inspirou o Pink Floyd a fazer várias musicas em sua homenagem ao decorrer dos anos, e várias músicas de sua autoria eram inseridas nos shows, uma forma de compensação para o legado que o gênio deixou.


Histórias de suas loucuras

Contam-se muitas histórias sobre o comportamento bizarro e imprevisível de Syd, algumas delas sem dúvida falsas, mas outras sabe-se que foram verdade. Numa ocasião famosa, no programa de televisão de Pat Boone, recusou-se a fingir que actuava, ficando parado, braços caídos ao longo do corpo e olhando fixamente para a câmara.
Em outro incidente bem conhecido, diz-se que antes de entrar em palco Syd teria esmagado uma caixa inteira de tranquilizantes Mandrax, misturando-os com uma grande quantidade creme para o cabelo Brylcreem, depois pôs a mistura sobre a cabeça e colocou-se por debaixo dos projectores de palco; a mistura viscosa derreteu e começou a escorrer pela sua cara dando a aparência desta se estar a derreter.
Outra história diz que Syd apareceu no estúdio apresentando aos colegas uma música nova chamada Have You Got It Yet. Conforme ele ia ensinando a canção ao grupo tornou-se óbvio que ele mudava os acordes cada vez que a tocava, tornando impossível a sua aprendizagem.

O álbum de 1975 "Wish you were here "foi um tributo a Syd Barrett (que diz-se ter aparecido de surpresa numa sessão de gravação, afirmando estar pronto para trabalhar outra vez); a faixa "Shine on you crazy diamond", que abre e fecha o álbum, fala sobre Syd Barrett, conforme é reconhecido por alguns membros dos Pink Floyd. A música composta pensando em Syd Barrett, que quase não foi reconhecido pelos antigos amigos que não o viam há anos e também dado ao fato de Syd ter raspado a cabeça, as sombrancelhas e de ter engordado muito, pois desde que tinha abandonado a música não fazia muita coisa - dizem que mal saía da cama! ''Foi horrível, ele estava lá num canto, parado, com uma escova de dentes na mão. De súbito ele disse estar pronto para a gravação, começou a fazer gestos como se estivesse tocando guitarra (com a escova) e começou a gritar. Ficamos assustados e sem reação, quando disseram que aquele era o Syd, começamos a chorar'', lembra Richard Wright.
Conta a lenda também que Syd teria sido cogitado para produzir o disco de estréia dos Sex Pistols.
Houve algumas sessões para um terceiro álbum que foram abortadas e que segundo se consta terminaram após Syd ter atacado um empregado do estúdio que lhe apresentou umas letras escritas a vermelho, e que Syd presumindo que se tratava de contas para pagar lhe teria mordido a mão. Syd passou muitos dos anos seguintes a pintar, e as poucas telas que ele deu ou vendeu são hoje muito valiosas. Syd continuou a pintar e muitas vezes a ouvir música, estando entre os seus favoritos os Rolling Stones, Booker T. & The MGs e compositores clássicos, não tendo dado nenhuma atenção a uma compilação dos Pink Floyd que lhe foi oferecida.

Discografia

The Piper At The Gates Of Dawn (1967) - com o PINK FLOYD

A Saucerful Of Secrets (1968) - com o PINK FLOYD (participação apenas na música ''Jugband Blues'')

The Madcap Laughs (1970)

Barrett (1971)

The Peel Sessions (1988) - com material gravado no programa de John Peel, em 1970

Opel (1988) - com material inédito gravado nos estúdios da EMI, em 1970

The Best Of Syd Barrett: Wouldn't You Miss Me? (200) - compilação


(Informações extraídas de Lucas Scarascia e Wikipédia, a enciclopédia livre e gratuita)

Seja onde quer que Syd Barrett esteja, ele continuará a brilhar, e influenciar muitas bandas.
''Shine on, crazy diamond'' (continue a brilhar, diamante louco)!



Adaptado por Ricardo M. Freire








"Vegetable Man"

In yellow shoes I get the blues
Though I walk the streets with my plastic feet
With my blue velvet trousers, make me feel pink
There's a kind of stink about blue velvet trousers
In my paisley shirt I look a jerk
And my turquoise waistcoat is quite out of sight
But oh oh my haircut looks so bad
Vegetable man how are you?

So I've changed my dear, and I find my knees,
And I covered them up with the latest cut,
And my pants and socks all point in a box,
They don't make long of my nylon socks,
The watch, black watch
My watch with a black face
And a big pin, a little hole,
And all the lot is what I got,
It's what I wear, it's what you see,
It must be me, it's what I am,
Vegetable man.

I've been looking all over the place for a place for me,
But it ain't anywhere, it just ain't anywhere.
Vegetable man, vegetable man,
He's the kind of person, you just gonna see him if you can,
Vegetable man.

''Vegetable Man'' - Homem Vegetal (Tradução)

Em sapatos amarelos
Eu pego o blues
Então ando pela rua com meus pés de plástico
Calças azuis violeta me fazem sentir rosa.
Há um tipo de fedor nas calças azuis violeta
Em minha camiseta com estampado colorido
Olho um idiota
e meu casaco de turquesa está bem escondido.
Mas oh oh meu corte de cabelo está horrível
Homem vegetal! Onde está você?

Então eu mudo minha direção
e detono meus joelhos
e eu os cubro com as mais recentes feridas
Minhas ceroulas e meias estão todas numa caixa
E levo algum tempo para encontrar velhas meias remendadas
O relógio
negro relógio
meu relógio
com uma face negra
e um namoro num pequeno buraco

e toda a sorte
é o que tenho
é o que visto
É o que vejo
deve ser eu
é o que sou
Homem vegetal! Onde está você?

Ah, ah ah ah, ah ah ah
Hah, ah ah ah, ah ah ah - oh!
tenho examinado todo o local
para encontrar um lugar para mim
Mas não existe em lugar algum
Realmente não existe em lugar nenhum

Homem vegetal! Homem vegetal!
Homem vegetal! Homem vegetal!
Homem vegetal! Homem vegetal!

Ele é o tipo de companheiro que você tem que ver se puder!
Homem vegetal!



''Jugband Blues''

It's awfully considerate of you to think of me here
And I'm most obliged to you for making it clear
That I'm not here.
And I never knew the moon could be so big
And I never knew the moon could be so blue
And I'm grateful that you threw away my old shoes
And brought me here instead dressed in red
And I'm wondering who could be writing this song.

I don't care if the sun don't shine
And I don't care if nothing is mine
And I don't care if I'm nervous with you
I'll do my loving in the winter.

And the sea isn't green
And I love the queen
And what exactly is a dream?
And what exactly is a joke?


''Jugband Blues'' - Blues Jugband (Tradução)

É espantosamente atencioso da sua parte pensar em mim aqui
E eu sou quase agradecido a você por deixar claro que eu não estou aqui
E eu nunca soube que a Lua pudesse ser tão grande
E eu nunca soube que a Lua pudesse ser tão azul
E eu estou grato por você ter jogado fora os meus sapatos velhos
E ter me trazido aqui em vez de se vestido de vermelho

E eu estou pensando quem poderia estar escrevendo esta canção
Eu não me importo se o Sol não brilha
E eu não me importo se nada é meu
E eu não me importo se eu estou nervoso com você
Eu vou fazer o meu amor no inverno

E o mar não é verde
E eu amo a rainha
E o quê exatamente é um sonho?
E o quê exatamente é uma piada?


Comentários sobre ''Jugband Blues''

Os versos 1 e 2 são como se ele já soubesse da existência de Wish You Were Here, onde os seus ex-companheiros se lembram dele e dizem que queriam que ele estive lá junto com eles, deixando claro que ele não está mais lá.
Os versos 3 e 4 são mais intrigantes ainda, ele diz que não sabia que a Lua pudesse ser tão grande, ser tão azul (ou triste), claramente se referindo à Dark Side Of The Moon, que foi quando o Pink Floyd realmente fez sucesso e ganhou dinheiro, e com isso a dúvida (ou tristeza) sobre o que eles se tornaram.
Os versos 5 e 6 são denovo referência ao disco Wish You Were Here, ele agradece por eles o terem levado até lá em vez de apenas ter jogado fora os sapatos velhos, em outras palavras, tê-lo esquecido.
A segunda estrofe é uma reflexão sobre ele mesmo, e ele não se importa se nada é dele (Dark Side, Wish You, etc), ele não se importa se o Sol não brilha, ele não se importa nem com seus próprios sentimentos como estar nervoso. Então ele sai fora de si e pergunta quem poderia estar escrevendo esta canção e resolve fazer diferente, vai fazer seu amor no inverno ao invés da primavera ou verão.
Depois de toda a barulheira da banda que passa ele pergunta o quê realmente é um sonho e o quê realmente é uma piada...
Simplesmente genial!

(Texto de Elton, membro da comunidade PINK FLOYD BRASIL, do ORKUT)

Syd Barrett escreveu Jugband Blues pra ironizar a pressão que ele vinha sofrendo de dentro da banda por estar cada vez mais "ausente".
"Se eu não estou aqui (como diziam seus companehiros) quem estaria escrevendo esta canção?"
Essa ausência espiritual dele em relação aos companheiros acabou se transformando em uma ausência física.
Infelizmente, essa ironia acabou se tornando realidade e essa música virou mesmo profética.
Até hj ainda fico impressionado quando ouço essa música, que pra mim tem um efeito fantasmagórico impressionante!!

(Depoimento de Jefferson, membro da comunidade PINK FLOYD BRASIL, do ORKUT)

Assistam o vídeo-clip de ''Jugband Blues'' no YOUTUBE: http://www.youtube.com/watch?v=RTtXVrANEhU


Comentário finais

Sobre a letra de ''Vegetable Man'', deixo em aberto para que vocês mesmos tirem suas próprias concluões...

Obs.: Já repararam algo familiar no cabelo do vocalista do THE CURE, Robert Smith?
É o velho ditado: ''Na natureza nada se cria, tudo se copia''...

Ricardo M. Freire