quarta-feira, abril 04, 2007

Se cuidem, o castigo da natureza agora é pra valer!

Se cuidem, o castigo da natureza agora é pra valer!

Vendo o assustador vendaval que arrasou ontem a capital paulista, não posso ficar aqui sem dar o meu parecer sobre o assunto.

Antigamente se dizia que o castigo vem a cavalo. Bons tempos em que cavalo era meio rápido de transporte. Hoje, o ditado tornou-se irônico. Todos os dias acompanhamos na televisão, nos jornais e revistas as catástrofes climáticas e as mudanças que estão ocorrendo, rapidamente, no clima mundial. Nunca se viu mudanças tão rápidas e com efeitos devastadores como tem ocorrido nos últimos anos.

O castigo que a natureza manda para esta humanidade burra que não a respeita é um castigo que já não vem nas doses homeopáticas. É um castigo a jato. Um castigo que atingirá o órgão mais sensível do ambicioso: o seu bolso. É fato, o clima já começou a causar impacto sobre a economia.

A Europa tem sido castigada por ondas de calor de até 40 graus centígrados, ciclones atingem o Brasil (principalmente a costa sul e sudeste), o número de desertos aumenta a cada dia, fortes furacões causam mortes e destruição em várias regiões do planeta e as calotas polares estão derretendo (fator que pode ocasionar o avanço dos oceanos sobre cidades litorâneas). O que pode estar provocando tudo isso? Os cientistas são unânimes em afirmar que o aquecimento global está relacionado a todos estes acontecimentos.

Pesquisadores do clima mundial afirmam que este aquecimento global está ocorrendo em função do aumento de poluentes, principalmente de gases derivados da queima de combustíveis fósseis (gasolina, diesel etc), na atmosfera.

Estes gases (ozônio, gás carbônico e monóxido de carbono, principalmente) formam uma camada de poluentes, de difícil dispersão, causando o famoso efeito estufa. O desmatamento e a queimada de florestas e matas também colabora para este processo. Os raios do Sol atingem o solo e irradiam calor na atmosfera.

Como esta camada de poluentes dificulta a dispersão do calor, o resultado é o aumento da temperatura global. Embora este fenômeno ocorra de forma mais evidente nas grandes cidades, já se verifica suas conseqüências em nível global.

Conseqüências do aquecimento global

- Aumento do nível dos oceanos: com o aumento da temperatura no mundo, está em curso o derretimento das calotas polares. Ao aumentar o nível da águas dos oceanos, podem ocorrer, futuramente, a submersão de muitas cidades litorâneas;
- Crescimento e surgimento de desertos: o aumento da temperatura provoca a morte de várias espécies animais e vegetais, desequilibrando vários ecossistemas. Somado ao desmatamento que vem ocorrendo, principalmente em florestas de países tropicais, países africanos a tendência é aumentar cada vez mais as regiões desérticas em nosso planeta;
- Aumento de furacões, tufões e ciclones: o aumento da temperatura faz com que ocorra maior evaporação das águas dos oceanos, potencializando estes tipos de catástrofes climáticas;
- Ondas de calor: regiões de temperaturas amenas tem sofrido com as ondas de calor. No verão europeu, por exemplo, tem se verificado uma intensa onda de calor, provocando até mesmo mortes de idosos e crianças.

A poluição causa desde irritação nas mucosas dos olhos e nariz, ardor e desconforto de garganta até agravamento com sérias debilidades como bronquite crônica e enfisema, contribuindo para o desenvolvimento de problemas cardiovasculares e pulmonares. Na cidade de São Paulo, por exemplo, sete pessoas que já têm alguma doença grave morrem por dia, tendo suas vidas encurtadas significativamente pelos efeitos maléficos do ar.

No Brasil, se no nordeste o mar avança para conquistar terrenos que não eram seus, o que pensar sobre glebas litorâneas que foram subtraídas às marés? Pense-se no aterro do Flamengo, por exemplo. Ou o mar só vai subir no nordeste? Não virá para o sudeste?

Não é consolo pensar que a Holanda terá sido inundada e desaparecerá por inteiro nessa fase de elevação do nível do mar. Mais importante é pensar o que se pode fazer para protrair as conseqüências por mais uma geração. Até promessas de regeneração ambiental representam o marketing de quem só enxerga cifrão em sua frente. Fala-se em etanol. Lógico agora surgirem os investidores verdes, acenando com a produção de bens que preservem o ambiente. Só que para produzir combustível ecologicamente correto é necessário plantar cana. Mais cana de açúcar ainda. São Paulo já é um grande canavial. Mas tudo virará cana. E quem usará o nosso etanol será o mesmo grande país do norte que desconhece e teima em continuar a desconhecer os perigos do desastre ambiental.

Existe um acordo internacional que visa a redução da emissão dos poluentes que aumentam o efeito estufa no planeta. Entrou em vigor em 16 fevereiro de 2005. O principal objetivo é que ocorra a diminuição da temperatura global nos próximos anos. Infelizmente os Estados Unidos, país que mais emite poluentes no mundo, não aceitou o acordo, pois afirmou que ele prejudicaria o desenvolvimento industrial do país.


Dinheiro, dinheiro e dinheiro, sempre o dinheiro em primeiro plano. Mas sábia e longe de ser enganada, a natureza faz a sua parte. Mandou sinais. Gemeu. Chorou. Diante da inércia e da ignorância humana, agora resolveu mudar de tática. Os sinais já não são mais mera advertência. Agora é para valer.

Ricardo M. Freire