terça-feira, abril 24, 2007

Desabafo e desculpas

Desabafo e desculpas

Tem hora que me sinto um verdadeiro ''extraterrestre'', ou um estranho no ninho.
Acontece sempre quando saio. Eu fico observando o comportamento das pessoas, fico analisando, filosofando.
Talvez o problema seja comigo, não sei ao certo. Como se eu estivesse num patamar diferente das outras pessoas, sendo que pouquíssimos conseguissem me entender.
Eu não me julgo melhor, nem mais inteligente do que ninguém. Hoje eu me sinto só, em termos de idéias, conceitos, visões e objetivos.
A ignorância, a futilidade e a pobreza de espírito das pessoas me tornam indignado cada vez mais. É como se eu ficasse furioso de ver as pessoas totalmente cegas à realidade, se comportando como míseras marionetes, cedendo a tudo o que a sociedade lhes impõe. E eu fico aqui, cheio de idéias, tentando fazer alguma coisa, desesperado para ao menos tentar mostrar para as pessoas que podemos mudar isso tudo. Mas a distância que me separa das demais pessoas é muito grande, de uma tal forma a me sentir impotente em relação a isso, então eu simplesmente abaixo a cabeça, faço um gesto de ''não'' e fico inconformado.
Mesmo assim eu faço a minha parte e continuo essa minha luta.
Uma luta que vem desde a época de escola, desde que me sentia o esquisito, o rebelde. Não sei a causa disso, o fato é que me sinto diferente das outras pessoas desde essa época da escola. Eu não fazia questão nenhuma de andar com os mauricinhos e patricinhas, eu não fazia questão nenhuma de seguir moda. Moda que se fazia na época por roupas, brinquedos, gírias, corte de cabelo, etc. Sempre fui eu, não me importava o preço disso, não me importava o modo como eu era visto.
Ainda me lembro do dia em que me recusei a cantar uma música da MADONNA na aula de inglês, simplesmente me retirei da sala de aula.
Outro exemplo, foi no meu último emprego. Eu ficava indignado ao ver a lavagem cerebral à que nos submetiam. As pessoas eram meras marionetes ou pareciam aquelas ovelhas no pasto que seguiam fielmente seu pastor.
Hoje essa luta tornou-se mais forte, bem mais forte. É como se eu tivesse tentado me adaptar ao mundinho dessas pessoas tempos atrás mas que agora me caiu a ficha. Resumidamente falando, tentei me adaptar ao simples cotidiano das pessoas, mas que ao meu modo de ver, me fez chegar num limite, me obrigando a dar um basta. É como se eu estivesse tentando me enganar. Como se eu estivesse me fazendo passar por cego.
Agora sinto que acordei e que tenho que aceitar ser diferente, mas que preciso fazer algo, mesmo que não consiga atingir o objetivo, mas que ao menos quando partir dessa pra uma melhor, possa ir de cabeça erguida e dizer: ''eu fiz minha parte''. E que ao menos um mínimo de pessoas reconheçam este meu esforço.
Difícil lidar com essa situação, tento administrar. Às vezes, em certas situações ou lugares, eu faço vista grossa ou simplesmente finjo não ter visto algo de errado.
Esse meu jeito não é simplesmente ser radical, não consigo controlar isso, como disse, tento administrar. É algo natural que acontece de forma involuntária. Remédio bom pra isso é não estar em lugares com grande quantidade de pessoas. Eu sempre arrumo um cantinho em que eu possa sentir paz, ou algum lugar onde existam um mínimo de pessoas que me compreendam pelo menos um pouco. Mas quando isso é inevitável, então me isolo e fico somente observando e analisando.
Em determinadas situações que me irritam completamente, eu às vezes tento disfarçar e até que suportar, mas quando algo se torna intolerável, eu simplesmente me retiro.
Só espero que as pessoas que estejam lendo este tópico agora, me compreendam um pouco mais, e saibam relevar algumas de minhas atitudes, declarações, depoimentos e pontos de vista.


Deixo aqui o meu sincero desabafo e minhas desculpas...


Ricardo M. Freire